17.3.09

Soljenitsyne

Recebi recentemente um texto enviado por um amigo legitimista francês sobre um célebre discurso feito por Soljenitsyne em 1978 em Harvard e com o título “O declínio da coragem”. Um texto de uma profundidade de análise e de uma actualidade impressionantes. Ao analisar a origem de estrutural incapacidade do Ocidente em se defender ele vai ao âmago da questão ao falar da indigência espiritual do homem moderno. Ao procurar a génese de tal tragédia ele não hesita em afirmar que “o erro deve estar na raiz, na base do pensamento moderno. Eu refiro-me à visão do mundo que prevaleceu no Ocidente na época moderna e na Renascença, e cujas consequências políticas se manifestaram a partir do Iluminismo. Ela tornou-se na base da doutrina social e política e poderia ser chamada, humanismo racionalista., ou autonomia humanista.: a autonomia proclamada e praticada pelo homem em relação a toda e qualquer força superior a ele. Podemos, pois, falar de antropocentrismo, isto é, o homem é visto no centro de tudo”. Quase trinta e um anos depois este discurso é hoje tão válido, ou mesmo ainda mais, do que há trinta e um anos. Um mundo que nega ao Homem a Esperança ao fazer-lhe querer que o Reino Céus é aqui na Terra, quer por via dos “manhãs que cantam” quer do “mercado global”, é um mundo inumano, como o podemos constatar diariamente. O Homem moderno é o “filho pródigo” que se compraz com batatas podres e renuncia assim ao tesoiro que o seu Pai lhe tem reservado. Mas o Pai não tem pressa, Ele tem tempo, Ele é o próprio tempo, Ele é. Quando terminará a bebedeira deste filho apóstata, que é o Homem moderno?